domingo, 26 de setembro de 2010

Daniel - Capítulo 2 Parte 1




Daniel - Capítulo 2

Ora no segundo ano do reinado de Nabucodonosor, teve este um sonho; e o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono.

O Senhor em sua providência deu a Nabucodonosor este sonho. Deus tinha uma mensagem para o rei de Babilônia. Tinha representantes de Deus nos palácios de Nabucodonosor mediante os quais ele podia comunicar um conhecimento de si mesmo. Deus não faz acepção de pessoas nem de nações. Seu propósito é salvar a tantos como o desejem, de qualquer tribo ou nação. Ansiava tanto salvar à antiga Babilônia como almejava salvar a Israel.

O sonho tinha o propósito de revelar Nabucodonosor que o decurso da história estava ordenado pelo Altíssimo e sujeito a sua vontade. Ao rei se lhe mostrou a responsabilidade que lhe cabia no grande plano do céu, fim de que tivesse a oportunidade de cooperar voluntária e eficazmente com o programa divino.

As lições de história dadas a Nabucodonosor teriam de instruir às nações e os homens até o fim do tempo. Outros cetros, além do de Babilônia, regeram os povos ao longo dos séculos. A cada nação da antigüidade Deus lhe atribuiu um lugar especial em seu grande plano. Quando os governantes e o povo não aproveitaram sua oportunidade, sua glória foi abatida até o pó. As nações de hoje devessem fazer caso das lições da história passada. Acima das flutuantes cenas da diplomacia internacional, o grande Deus do céu está em seu trono "silenciosa e pacientemente" cumprindo "os desígnios e a vontade dele". Ao fim a estabilidade e a imutabilidade virão quando Deus mesmo, ao terminar o tempo, estabeleça seu reino que nunca será destruído.

Deus se apresentou ao rei Nabucodonosor por meio de um sonho porque, evidentemente, esse era o meio mais efetivo para impressioná-lo com a importância da mensagem assim dada, para ganhar sua confiança e assegurar sua cooperação. Como todos os antigos, Nabucodonosor acreditava em sonhos como um dos meios pelos quais os deuses revelavam sua vontade aos homens. A sabedoria divina sempre procura às pessoas onde estão. Ao comunicar hoje o conhecimento de sua vontade aos homens, Deus pode usar meios menos espetaculares, mas que igualmente servem para cumprir seus bondosos propósitos. Sempre adapta seus métodos para influir sobre os homens de acordo com a capacidade de cada indivíduo e o ambiente da época na qual vive cada um.

0, "estava perturbado". O verbo hebreu que se traduz assim se usa também em Gên. 41: 8. A vivência deste sonho tinha impressionado muitíssimo a Nabucodonosor.

Então o rei mandou chamar os magos, os encantadores, os adivinhadores, e os caldeus, para que declarassem ao rei os seus sonhos; eles vieram, pois, e se apresentaram diante do rei.

E o rei lhes disse: Tive um sonho, e para saber o sonho está perturbado o meu espírito.

o Pareceria que o rei estava demasiado afligido pelo desejo de conhecer o sonho e sua interpretação como para usar esta ocasião a fim de provar aos que pretendiam serem seus intérpretes.

o Em sua perplexidade, Nabucodonosor reuniu os seus sábios - "os magos, e os astrólogos, e os encantadores, e os caldeus" - e pediu-lhes auxílio. "Tive um sonho", disse ele, "e para saber o sonho está perturbado o meu espírito." Com esta declaração da sua perplexidade, exigiu deles que lhe revelassem o que poderia trazer-lhe tranqüilidade à mente.

Os caldeus disseram ao rei em aramaico: ó rei, vive eternamente; dize o sonho a teus servos, e daremos a interpretação.

Respondeu o rei, e disse aos caldeus: Esta minha palavra é irrevogável se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas um monturo;

Mas se vós me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim dádivas, recompensas e grande honra. Portanto declarai-me o sonho e a sua interpretação.

O sonho lhe foi tirado ao rei a propósito, para que os sábios não lhe dessem uma falsa interpretação.

Agora entra em ação o poder divino.

Responderam pela segunda vez: Diga o rei o sonho a seus servos, e daremos a interpretação.

Respondeu o rei, e disse: Bem sei eu que vós quereis ganhar tempo; porque vedes que a minha palavra é irrevogável.

Se não me fizerdes saber o sonho, uma só sentença será a vossa; pois vós preparastes palavras mentirosas e perversas para as proferirdes na minha presença, até que se mude o tempo. Portanto dizei-me o sonho, para que eu saiba que me podeis dar a sua interpretação.

Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram: Não há ninguém sobre a terra que possa cumprir a palavra do rei; pois nenhum rei, por grande e poderoso que fosse, tem exigido coisa semelhante de algum mago ou encantador, ou caldeu.

A coisa que o rei requer é difícil, e ninguém há que a possa declarar ao rei, senão os deuses, cuja morada não é com a carne mortal.

Esses sábios pretendiam estar em comunicação com certos deuses, tais como deidades subordinadas que se supunha mantinham relação com os homens, mas que os deuses superiores eram inacessíveis. Em todo caso, os caldeus revelaram as limitações de sua capacidade.

Em qualquer caso, os caldeus admitiram francamente que reconheciam uma inteligência superior, uma mente ou mentes mestras que tinham uma sabedoria muito mais elevada do que a dos seres humanos. Esta confissão de fracasso proporcionou a Daniel uma excelente oportunidade para revelar algo do poder do Deus a quem ele servia e adorava.

Então o rei muito se irou e enfureceu, e ordenou que matassem a todos os sábios de Babilônia.

A severidade do castigo não estava fora de tom com os costumes desses tempos. No entanto, era um passo temerário do rei porque os homens cuja morte tinha ordenado constituíam a classe mais culta da sociedade.

Saiu, pois, o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.

Então Daniel falou avisada e prudentemente a Arioque, capitão da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios de Babilônia; pois disse a Arioque, capitão do rei: Por que é o decreto do rei tão urgente? Então Arioque explicou o caso a Daniel.

Ao que Daniel se apresentou ao rei e pediu que lhe designasse o prazo, para que desse ao rei a interpretação.

O pedido de Daniel era diferente do dos caldeus. Os sábios exigiam que o rei lhes relatasse o sonho. Daniel simplesmente pediu tempo e assegurou ao rei que lhe daria a interpretação.

Então Daniel foi para casa, e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias seus companheiros, para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre este mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem, juntamente com o resto dos sábios de Babilônia.

o Daniel e seus colegas podiam acercar-se a Deus com fé vigorosa e confiança implícita porque, até onde eles sabiam e podiam, estavam vivendo de acordo com sua vontade revelada (ver 1 João 3: 22). Sabiam que estavam no lugar onde Deus queria que estivessem e que estavam fazendo a obra que o céu lhes tinha dado. Se anteriormente tivessem claudicado em seus princípios e tivessem cedido às tentações que continuamente lhes rodeavam na corte real, não poderiam ter esperado uma intervenção divina tão manifesta nesta crise.

Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; pelo que Daniel louvou o Deus do céu.

Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque são dele a sabedoria e a força.

Ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; é ele quem dá a sabedoria aos sábios e o entendimento aos entendidos.

Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz.

Deus de meus pais, a ti dou graças e louvor porque me deste sabedoria e força; e agora me fizeste saber o que te pedimos; pois nos fizeste saber este assunto do rei.

E eles não suplicaram em vão. O Deus a quem tinham honrado, honrava-os agora. O Espírito do Senhor repousou sobre eles, e a Daniel, "numa visão da noite", foi revelado o sonho do rei e seu significado.

Ao receber a revelação divina, o primeiro pensamento de Daniel foi dar o louvor ao Revelador de segredos; um digno exemplo do que devessem fazer todos os que recebem grandes bênçãos do Senhor.

O Senhor se deleita em conceder sabedoria aos que a usarão corretamente. Fez isto em favor de Daniel e o fará em benefício de todo aquele que confie plenamente nele.

Deus se revela na natureza (Sal. 19), nas vivências pessoais, por meio do dom profético e outros dons do Espírito (I Cor. 12), e em sua Palavra escrita.

As coisas que estão além do entendimento humano até sua revelação. O que o homem não pode ver não está escondido para a vista de Deus.

Ainda que o sonho tivesse sido revelado a Daniel, ele não se atribui todo o mérito, senão que inclui a seus colegas, que oraram com ele.

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