domingo, 19 de setembro de 2010

DANIEL

Daniel - Capítulo 1

Verso 3 Então disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos que trouxesse alguns dos filhos de Israel, dentre a linhagem real e dos nobres, jovens em quem não houvesse defeito algum, de bela aparência, dotados de sabedoria, inteligência e instrução, e que tivessem capacidade para assistirem no palácio do rei; e que lhes ensinasse as letras e a língua dos caldeus.

A saúde física e uma aparência formosa eram consideradas qualidades indispensáveis para um magistrado de alta linhagem entre os antigos, e ainda hoje estas características são muito bem cotadas.

Vendo nesses jovens a promessa de habilidade digna de nota, Nabucodonosor determinou que fossem educados para ocupar importantes posições em seu reino. Para que pudessem ser plenamente capacitados para sua carreira, ele fez arranjos para que aprendessem a língua dos caldeus, e que por três anos lhes fossem asseguradas as vantagens incomuns da educação fornecida aos príncipes do reino. Profetas e Reis pág. 480.

Quando o povo de Israel, seu rei, nobres e sacerdotes foram levados em cativeiro, quatro de entre eles foram selecionados para servir na corte do rei da Babilônia. Um deles era Daniel, o qual, muito cedo, deu mostras da grande habilidade desenvolvida nos anos subseqüentes. Esses rapazes eram todos de nascimento nobre e são descritos como jovens em quem não havia "defeito algum, formosos de aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e sábios em ciência, e entendidos no conhecimento" e tinham "habilidade para viver no palácio do rei". Percebendo os preciosos talentos destes jovens cativos, o rei Nabucodonosor determinou prepará-los para ocuparem importantes posições em seu reino. A fim de que pudessem tornar-se perfeitamente qualificados para sua vida na corte, de acordo com o costume oriental, eles deviam aprender a língua dos caldeus e submeter-se, durante três anos, a um curso completo de disciplina física e intelectual. Santificação pág. 18.

Verso 6 Ora, entre eles se achavam dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias.

Verso 7 Mas o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: o Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abednego.

Os novos nomes dados aos jovens hebreus significavam sua adoção na corte babilônico, costume que tem exemplos similares na história bíblica. José recebeu um nome egípcio ao ingressar na vida de cortesia egípcia (Gên. 41: 45).

Os nomes de Daniel e seus companheiros foram mudados para nomes que representavam divindades caldéias. Grande significação era atribuída aos nomes dados pelos pais hebreus aos seus filhos. Freqüentemente representavam traços de caráter que os pais desejavam ver desenvolvido no filho. Profetas e Reis pág. 480/481.

Verso 8 Daniel, porém, propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminar.

Tinha várias razões pelas quais um judeu piedoso evitaria comer da comida real: (1) os babilônios, como outras nações pagãs, comiam carnes imundas; (2) os animais não tinham sido morridos de acordo com a lei levítica (Levítico. 17: 14-15); (3) uma porção dos animais destinados ao alimento era oferecida primeiramente como sacrifício aos deuses pagãos; (4) o consumo de alimentos e bebidas sibaríticos e malsanos (pessoa voluptuosa, dada aos luxos e aos prazeres) estava na contramão dos princípios de estrita temperança: (5) por todas estas razões Daniel e seus colegas preferiram abster-se de comer carnes. Os jovens hebreus decidiram não fazer nada que prejudicasse seu desenvolvimento físico, mental e espiritual.

Tomando esta decisão, os jovens hebreus não agiram presunçosamente, mas em firme confiança em Deus. Não escolheram ser singulares, mas sê-lo-iam de preferência a desonrar a Deus. Tivessem eles se comprometido com o erro neste caso rendendo-se à pressão das circunstâncias, e este abandono do princípio ter-lhes-ia enfraquecido o senso do direito e sua capacidade de aborrecer o erro. O primeiro passo errado tê-los-ia levado a outros, de maneira que, cortada sua ligação com o Céu, eles seriam varridos pela tentação. Profetas e Reis pág. 483.

Não somente esses jovens recusaram beber o vinho do rei, mas abstiveram-se das iguarias de sua mesa. Obedeceram à lei divina, tanto a natural como a moral. A seus hábitos de renúncia aliavam-se a sinceridade de propósito, a diligência e a firmeza. E os resultados manifestam a sabedoria de sua orientação.
Temperança pág. 271.

Verso 9 Ora, Deus fez com que Daniel achasse graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos.

Indubitavelmente a cortesia, a gentileza e a fidelidade demonstradas por estes homens lhes conquistaram a graça de seus superiores. Ao mesmo tempo eles atribuíram seu sucesso à bênção de Deus. Deus obra com os que cooperam com ele.

Estrita conformação com os reclamos do Céu traz bênçãos tanto temporais como espirituais. Inamovível em sua fidelidade a Deus, indomável no domínio de si mesmo, Daniel, por sua nobre dignidade e indeclinável integridade, conquanto fosse jovem, alcançou "graça e misericórdia" (Dan. 1:9) diante do oficial pagão a cujo cargo tinha sido posto. As mesmas características marcaram sua vida posterior. Ele ascendeu rapidamente à posição de primeiro-ministro do reino de Babilônia. Através do reinado de sucessivos dirigentes, da queda da nação e o estabelecimento de outro império mundial, foram de tal natureza sua sabedoria e capacidade de estadista, tão perfeitos seu tato, cortesia, genuína bondade de coração e sua fidelidade ao princípio, que mesmo seus inimigos foram forçados a confessar que não podiam achar "ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel". Profetas e Reis pág. 546.

Durante os três anos de preparo que tiveram, Daniel e seus companheiros mantiveram os hábitos abstêmios, o concerto com Deus, bem como contínua dependência de Seu poder. Ao chegar o tempo de serem provados pelo rei sua capacidade e aquisições, foram examinados com outros ao serviço do reino. Mas "entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Ananias, Misael e Azarias". Dan. 1:9. A penetrante percepção, escolhida e precisa linguagem, o vasto conhecimento de que eram dotados, testificavam a perfeita resistência e vigor de seu poder mental. Ficaram, portanto, perante o rei. "E em toda matéria de sabedoria e de inteligência, sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos ou astrólogos que havia em todo o seu reino." Dan. 1:20. Mensagens aos Jovens pág. 241.

Verso 10 E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; pois veria ele os vossos rostos mais abatidos do que os dos outros jovens da vossa idade? Assim poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei.

Verso 11 Então disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe dos eunucos havia posto sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:

Verso 12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos dêem legumes a comer e água a beber.

o Este parece ser um período demasiado curto para que se notasse uma mudança apreciável de aparência e vigor física. No entanto, obrigado a seus hábitos de estrita temperança, Daniel e seus colegas já desfrutavam de organismos sãos, que responderam aos benefícios de um regime apropriado.

o Sem dúvida, seu restabelecimento dos rigores da longa marcha desde Judéia foi mais marcado do que o de outros cativos que não cultivavam hábitos de sobriedade.

o No caso de Daniel e de seus três colegas, o poder divino se uniu com o esforço humano e o resultado foi verdadeiramente notável. A bênção de Deus acompanhou a nobre resolução dos jovens de não se contaminar com os manjares do rei. Sabiam que a complacência em alimentos e bebidas estimulantes não lhes permitiria atingir o melhor desenvolvimento físico e mental. Daniel estava seguro de que "um regime abstêmio faria que estes jovens tivessem uma aparência demacrada e enfermiça (doentio)... enquanto a luxuosa comida proveniente da mesa do rei os faria rubicundos e formosos (valente, destemido, forte, hábil), e lhes daria uma atividade física superior", e se surpreendeu ao ver que os resultados eram completamente opostos.

o Deus honrou a esses jovens devido a seu invariável propósito de fazer o reto. A aprovação de Deus lhes era a mais valor do que o favor do mais poderoso potentado da terra, ainda a mais valor do que a vida mesma. Esta firme resolução não tinha nascido sob a pressão das circunstâncias imediatas. Desde a meninice estes jovens tinham sido educados em estritos hábitos de temperança. Conheciam quanto aos efeitos degenerativos de um regime de alimentos intoxicantes, e fazia muito que tinham determinado não debilitar suas faculdades mentais e físicas pela complacência do apetite.

o O fim do período de prova os encontrou com melhor aparência, atividade física e vigor mental.

o Daniel não recusou as viandas do rei para aparecer como raro. Muitos poderiam raciocinar que em tais circunstâncias tinha uma desculpa plausível para apartar-se do estrito afeiçôo aos princípios e que em conseqüência Daniel era de mente estreita, fanático e demasiado puntilloso. Daniel tentava viver em paz com todos e cooperar ao máximo com seus superiores, enquanto tal cooperação não lhe exigisse sacrificar seus princípios. Estavam dispostos a sacrificar honras mundanas, riqueza e posição, sim, ainda a vida mesma em todo onde entrasse em jogo a lealdade a Jeová.

Verso 13 Então se examine na tua presença o nosso semblante e o dos jovens que comem das iguarias reais; e conforme vires procederás para com os teus servos.

Verso 14 Assim ele lhes atendeu ao pedido, e os experimentaram dez dias.

Verso 15 E, ao fim dos dez dias, apareceram os seus semblantes melhores, e eles estavam mais gordos do que todos os jovens que comiam das iguarias reais

Verso 16 Pelo que o despenseiro lhes tirou as iguarias e o vinho que deviam beber, e lhes dava legumes.

Verso 17 Ora, quanto a estes quatro jovens, Deus lhes deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e em toda a sabedoria; e Daniel era entendido em todas as visões e todos os sonhos.

Verso 18 E ao fim dos dias, depois dos quais o rei tinha ordenado que fosse apresentado, o chefe dos eunucos os apresentou diante de Nabucodonosor.

Verso 19 Então o rei conversou com eles; e entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso ficaram assistindo diante do rei.

A instrução que Daniel e seus três amigos receberam foi também para eles uma prova de fé. A sabedoria dos caldeus estava unida à idolatria e práticas pagãs, e misturava bruxaria com ciência e sabedoria com superstição. Os estudantes hebreus se mantiveram afastados destas coisas.

Não nos diz como evitaram os conflitos, mas apesar das influências corruptoras se mantiveram fiéis à fé de seus pais, como podemos claramente apreciar por provas posteriores de sua lealdade. Os quatro jovens aprenderam a perícia e as ciências dos caldeus sem adotar os elementos pagãos misturados nelas.

Entre as razões pelas quais estes hebreus preservaram sua fé sem tacha podem notar-se as seguintes: (1) Sua firme resolução de permanecer fiéis a Deus. Tinham mais do que um desejo ou uma esperança de ser bons. Tinham a vontade de fazer o reto e apartar-se do mau. A vitória é possível só pelo correto exercício da vontade. (2) Sua dependência do poder de Deus. Ainda que valorizassem as aptidões humanas e reconheciam a necessidade do esforço humano, sabiam que estas coisas por si mesmas não lhes garantiriam o sucesso. Reconheciam que, além disto, deve ter uma humilde dependência e completa confiança no poder de Deus. (3) Negaram-se a danar sua natureza espiritual e moral mediante a complacência do apetite. Davam-se conta de que o deixar de lado os princípios uma só vez teria debilitado seu sentido do bem e do mau, o que a sua vez provavelmente os teria levado a outros maus atos e finalmente à apostasia completa. (4) Sua conseqüente vida de oração. Daniel e seus jovens parceiros se davam conta de que a oração era uma necessidade, em especial pela atmosfera de mau que continuamente os rodeava (ver SL 20).

Verso 20 E em toda matéria de sabedoria e discernimento, a respeito da qual lhes perguntou o rei, este os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino.

Quando o eunuco principal apresentou a seus graduandos ante o rei ao final de seu período de preparação, um exame feito pessoalmente por Nabucodonosor demonstrou que os quatro jovens hebreus eram superiores a todos os outros. "Em força e beleza física, em vigor mental e realizações literárias, não tinham rival".

A sabedoria superior de Daniel e de seus colegas não foi o resultado da casualidade ou do destino, nem ainda de um milagre, como geralmente se entende essa palavra. Os jovens se aplicaram diligentemente a seus estudos, e Deus abençoou seus esforços. O verdadeiro sucesso em qualquer empresa está assegurado quando se combinam o esforço divino e o humano. O esforço humano só de nada vale; da mesma maneira o poder divino não faz desnecessária a cooperação humana.

Na corte de Babilônia estavam reunidos representantes de todas as terras, homens do mais alto talento e mais ricamente dotados com dons naturais, e possuidores da cultura mais vasta que o mundo poderia oferecer; não obstante entre todos eles os jovens hebreus não tiveram competidor. Em força e beleza física, em vigor mental e dotes literários, não tinham rival. A forma ereta, o passo firme e elástico, a fisionomia agradável, os sentidos lúcidos, o hábito puro - eram todos certificados mais que suficientes de bons hábitos, insígnia da nobreza com que a Natureza honra aos que são obedientes a suas leis. Patriarcas e Profetas pág. 485.

A vida de Daniel é uma inspirada ilustração do que constitui um caráter santificado. Ela apresenta uma lição para todos, e especialmente para os jovens. Uma estrita submissão às reivindicações de Deus é benéfica à saúde do corpo e do espírito. A fim de atingir a mais elevada norma de aquisições morais e intelectuais, é necessário buscar sabedoria e força de Deus e observar estrita temperança em todos os hábitos da vida. Na experiência de Daniel e seus companheiros, temos um exemplo da vitória do princípio sobre a tentação para condescender com o apetite. Ela mostra que, por meio do princípio religioso, os jovens podem triunfar sobre as concupiscências da carne e permanecer leais às reivindicações divinas, embora lhes custe grande sacrifício. Santificação pág. 23.

Daniel e seus companheiros tinham sido fielmente instruídos nos princípios da Palavra de Deus. Haviam aprendido a sacrificar o terrestre pelo espiritual, a buscar o mais alto bem. E colheram a recompensa. Seus hábitos de temperança e seu senso de responsabilidade como representantes de Deus, requeriam o mais nobre desenvolvimento das faculdades do corpo, da mente e da alma. Educação pág. 55.

Verso 21 Assim Daniel continuou até o primeiro ano do rei Ciro.

Nenhum comentário: